terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Progestão: Memorial Pessoal - 2010


Memorial Introdutório

Apresentação

                                   “Ama-se mais o que se conquistou com mais trabalho”.                                                                                         (Aristóteles)


            Não deveria escolher outra frase ou expressões para começar a fazer esse relato da minha vida. Pois tudo que fui, o que sou sempre encarei com muita naturalidade e dedicação ao longo de todos esses anos.
            Os relatos pessoais da minha formação acadêmica são apresentados fazendo referência aos acontecimentos históricos desse período.


Quem sou EU?

            Roque Cavalcante Santos, nascido aos 16 de agosto de 1970, ás 06:00 horas da manhã na Fazenda Riacho Novo no Município de Jiquiriçá – Bahia. Nesse mesmo ano o Brasil conquistava o seu Tricampeonato de Futebol, Brasil 4 x 1 contra Itália no Torneio Mundial realizado no México. Nesse período também o povo brasileiro sofria as terríveis condições de vidas e opressão imposta pelo Governo Médici. Então mesmo assim lá vinha Eu, também fazer parte dessa coisa agitada e bela chamada vida para ser mais um brasileiro a lutar por sobrevivência e justiça social.
            Filho de pais trabalhadores rurais, minha primeira experiência foi no trabalho do campo aos 06 anos de idade (1976). Nesse período trabalhei de enxada, plantei cacau, cortei lenha, cuidei de animais, terei leite de vaca, trabalhei em casa de farinha com minha mãe, dentre outros. Em 1979, aos 09 anos de idade fui matriculado para ingressar na Escola Pública na época uma escola quase que “particular”, pois, meus pais e de muitos colegas eram responsáveis pela manutenção do Prédio (casa coberta de palha, feita de pau a pique). A distância entre a nossa casa e a escola era de aproximadamente 05 km e nossos pais se revezavam para nos dar cobertura no caminho, pois tenha onça e muitas vacas que ameaçava nossa passagem.
            A professora era a Senhora Miguelina Maria Barbosa, com apenas a 4ª Série completa, era ela a regente da Escola Municipal Eugênio Genário Carneiro da Rocha, criada no Governo do Senhor Prefeito Municipal Miguel Vita Sobrinho na Fazenda Riacho Novo II, que por sua vez foi prefeito do Município por 16 anos, que após esse longo período de governo elegeu sua sucessora a Senhora Maria Juvenice Farias Maia a qual tem grande influencia na minha vida profissional e no Magistério.
            Hoje aos 40 nos de idade sou professor por vocação e de um jeito ou de outro com tantas dificuldades cursei a Faculdade e concluir o Curso de Licenciatura em História pela Faculdade de Tecnologia e Ciências- FTC –EAD. Agora estou participando do Pró-Gestão, nãos sei se será transformado no curso de Pós-Graduação, mas independente disso, pretendo fazer outras pós, principalmente na área de História da África e uma também na área de Gestão Escolar, uma vez que atuei como gestor num período de 10 anos.
Juntando passado e presente, hoje vejo que tudo valeu pena. Era impossível acreditar que um menino de família pobre pudesse chegar onde estou, mas graças a Deus e aos esforços dos meus pais Silvéria Cavalcante Santos e Manoel Nascimento dos Santos (in Memória), não foi fácil, mas conseguir vencer todas as barreias encontradas pelo caminho. Ainda fazendo referencia aos anos 70 Paulo Freire com uma sabia frase expressa o sentido de viver e lutar pela vida
“o mundo não é mundo, está sendo... E se o mundo não é o palco que sonhamos atuar é o lugar da expressão da vida”.
            Com esse celebre pensamento defino o atuar na Educação e nos palcos da Escola da Vida. Em 1979, era grande a expectativa para começar a estudar, pois quando o aluno não valia dinheiro, tantos pais batiam ás portas das casas das professoras e muitas vezes ouviam como respostas que as vagas já tinha se encerrado e orientava que procurasse outra professora, foi assim à caminhada da minha mãe para conseguir me matricular juntamente com mais 04 irmãos. Isso contradiz a realidade hoje, quanto mais alunos se têm, mais a necessidade e interesse dos gestores, secretários de educação e prefeitos para se matricular aluno; mesmo com as classes superlotadas.
            Como podemos ver no ano de 1979, foi decisivo para afirmação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) como a força de esquerda marxista-leninista mais importante do país. Algumas decisões políticas, tomadas naquele período crítico da história brasileira, ajudaram a relançar o Partido no cenário nacional e o enraizar junto às massas trabalhadoras, que começavam a se levantar contra a ditadura militar. Foi a adoção de uma tática e uma política de recrutamento mais ousadas que garantiram a sua sobrevivência e ampliação.
Na Escola Pública também não era diferente, então foi graças a influencia da Senhora Alice Maria Cerqueira que minha mãe conseguiu nos matricular com a professora já citada Miguelina Maria Barbosa. Dessa época só uma coisa guardo até hoje: as surras por causa das resistências por não querer ir á escola, e essa frase eu ouvia e me lembro até hoje, “tem que estudar para não ficar vendendo dia nas fazendas dos outros e nem puxando cobra pros pés”; e para não perder o ano, pois, o livro didático era comprado e tinha que ser aproveitado por dois irmãos ou mais, além de ser caro.
Vale lembrar que quando todos passavam de uma séria pra outra o livro era vendido mais barato para outra família e esse dinheiro servia para dar como entrada em um novo livro que muitas vezes eram de segunda mão. Assim terminei o ano de 1979, concluindo o que chamávamos de primeira série atrasada (ABC). De 1980 a 1982 permaneci nesta mesma escola cursando a Cartilha e primeira série adiantada. Hoje com o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), os livros são distribuídos gratuitamente e muitas vezes os alunos não têm cuidado nem faz questão de aprender. Dos livros comprados alguns tenho boas recordações: Coleção Ainda Brincando, Brincando com as Palavras e Brincando com os Números da Escritora Joanita Souza.
            Em 1983, o Grande Prêmio do Brasil (Formula 1) realizado em Jacarepaguá a 13 de Março Nelson Piquet, piloto da Bradham, era vencedor desta corrida, também nesse mesmo ano  tem início as campanhas das Diretas Já, que acabaram rejeitadas no Congresso Nacional. Entretanto, o governo Figueiredo promoveu a primeira eleição civil brasileira desde 1964, que decretava o fim do Regime Militar. E, Eu era matriculado na Escola Municipal Eugênio Leal e era grande a minha satisfação em deixar uma escola coberta de palha e pau a pique e estudar  em uma escola coberta de telha, pintada de amarelo e com portas e janelas azuis, e sobre tudo, ser aluno da então famosa professora Alice Maria Cardoso, onde a merenda escolar era excelente e o material didático era uma festa para os alunos ali matriculados. Uma outra alegria era reduzi a jornada de trabalho no campo.
Em 1985, chegava ao fim o Governo do General João Batista Figueiredo e também meu tempo de aluno “mandão”, briguento e indisciplinado na Escola acima citada, ficava livre da professora que era tida como “ general”, mas uma professora que foi capaz de alfabetizar e ensinar os mais diversos tipos de alunos e com tamanhas dificuldades de aprendizagem. Terminava ai minha 3ª. Série e essa professora esperava seu processo de aposentadoria. Por orientação dela, e por a mesma julgar que ela tinha feito com que eu avançasse bastante na aprendizagem aconselhou minha mãe a me matricular com a professora Elisete Alves Cardoso Nascimento no ano seguinte(1986), pois essa professora era também temida pela severidade e por ser uma professora que muitos pais julgavam umas das melhores da zona rural do município.
Em 1986, ano Internacional das Nações Unidas, eu também começava uma nova etapa, deixa pra traz todos os problemas de indisciplina, de reinjeção pela escola e passava a tomar gosto e interesse pela escola, ou seja, pela aprendizagem, cursava a 4ª Série. Nesse mesmo ano minha professora tirava licença a maternidade para dar a luz a seu terceiro e último filho(Junior) e fui escolhido por ela para substituí-la, pois a 4ª Série e ser do grupo político era o suficiente para assumir a regência de classe nesta época. Mas uma coisa era certo; a conclusão da 4ª. Série era igual o curso de Formação Geral hoje.
De 1987 a 1989 estudei na Escola Professora Maria Juvenice Farias Maia, nesta escola tudo foi diferente e por fim acabei me descobrindo como uma pessoa interessada e apaixonada pela Educação. Tive algumas desilusões com a vida, problemas pessoais, me afastei das atividades escolares e retornei em 1993 a 1995 concluir o antigo 2º. Grau, Curso do Magistério, hoje chamado de Ensino Médio. Nosso baile de formatura foi um desfile de luxo e eu participei com os gastos que foram conviniete, pois as condições financeira mas no ano seguinte ocupei outros cargos públicos e deixei a educação.
Em 1996, deixo minha cidade com destino a cidade de Vitória da Conquista e volto a trabalhar na educação no ano de 1997 nas escolas Municipais Olímpio José Dias e Escola Municipal respectivamente, distrito de Bate- Pé. Em 1998 fui transferido para escola Municipal  Euclides da Cunha no Povoado de São Sebastião e deixei a educação desde município no fim do ano em 1998.
Em 1999, chego ao Município de Presidente Jânio Quadros e fui muito bem recebido pela equipe da Secretaria Municipal de Educação na Administração do Dr. Hermes Bonfim; recebi dele e da Secretária Municipal de Educação a professora Rosângela Cheles a missão de fazer uma mudança na educação do Povoado de Serra Escura. E dividir o meu espaço de trabalho com colegas os quais tenho até hoje muita saudade pela prática de trabalho dos mesmos, experiencias, compromisso e acima de tudo muita responsabilidade e amizade que nos unia. Neste ano procurei resgatar as tradições culturais como os festejos juninos, desfile cívico, ações de solidariedade, dentre outros.
De 2000 a 2006 a equipe escolar que formou o quadro de docente também teve sua contribuição para a educação deste povoado, sobre o comando da professora Natércia Camilia de Lima, atuei como diretor de 2001 a a 2007 e comandei uma equipe com mais de 15 funcionários e, ingressei na Faculdade para cursar o curso de Licenciatura em História. Ainda relatando minha experiencia como diretor do Núcleo Escolar Darcy Ribeiro, consequentemente de 2008 a 2010, tive momentos de “cão”, o que não desejo a nenhum profissional de educação que se considere e que tenha compromisso com a Educação; ocupando o cargo de diretor, nesses dois anos que fiz referências.  
Uma vez que, a política educacional da Secretaria Municipal de Educação não mais selecionava pessoas com compromissos éticos e interesses profissionais, e sim pessoas que pudesse jogar sujo, mentir, caluniar, ou seja, fazer todo jogo baixo em nome da política. Enfrentei problemas políticos, tive que lidar com profissional e colegas de trabalho capaz de todas as atrocidades possíveis, mas, nada disso me intimida. Fiz parte do Conselho do FUNDEB e tive grandes dificuldades para fiscalizar ás aplicações dos Recursos do Fundo. Tudo isso me desgastou muito enquanto profissional, mas, continuo alegre e sorridente ministrado aulas para alunos de classes de 6ª. a  8ª. Série. Para mim meus alunos são tudo, por eles faço o possível e o impossível para que tudo saia perfeito.
Fui cadastrado para participar do Progestão  sem nenhuma explicação fui cortado, mas como sou de correr atrás dos meus direitos, estou retornado agora e espero que este programa de capacitação, possa de fato ajudar nas minhas práticas pedagógicas, que a cada dia que passa; fica difícil lidar com os problemas da educação pública  principalmente no município de Presidente Jânio Quadros. Um programa tão importante como esse, deveria ser mais abrangente para outros profissionais de educação do município ou capacitar profissionais comprometidos, atuante e de preferência que faça parte do quadro efetivo do município, pois esses profissionais tem mais chance de serem multiplicadores.
O Progestão tem muito a ensinar aos gestores, educadores e profissionais da educação pública, deve promover o conhecimento dos Educandos, através de temas que possam possibilitar a aprendizagem dos mesmos para melhor compreender a formação da nossa história, a história da prática, possibilitando a recuperação da historicidade do cotidiano, levando professores e alunos a buscarem, no passado, as dimensões atuais dos campos históricos, sociais e culturais. Além do mais tem que permitir ao aluno conhecer e respeitar os modos de vida de diferentes grupos sociais, suas manifestações culturais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles, proporcionando aos indivíduos uma oportunidade de vivenciar e colocar em prática valores necessários para sua formação social.

Texto Produzido em 2010.
Por- Roque Cavalcante Santos.
 Referências Bibliográficas:

Ø  COUTRIM, Gilberto. Coleção Saber e Fazer História- 5ª a 8ª. Série. Editora Saraiva- 1ª. Edição- São Paulo, 2006.

Ø  http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal





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